2003-10-29

Cenário Macroeconómico

200320042005
Consumo Privado-0,90,80,9
Consumo Público-0,9-0,20,9
FBCF-9,21,05,2
Exportações3,15,17,0
Importações-2,93,95,5
PIB0,81,02,0
Taxa de inflação(IHPC)3,42,52,4
Taxa de emprego-1,0-0,10,5
Taxa de desemprego6,67,27,3

Publicado na TSF online

Áreas Protegidas



Negando as palavras do seu Ministro das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente, o Sr. Primeiro-Ministro afirmou, em Luanda, que nunca tinha sido colocada a hipótese, em concreto, de transferir competências do ICN para a Secretaria de Estado das Florestas.

Simultaneamente, mas em Lisboa, o Sr. Ministro da Agricultura esclarece que a hipótese em causa só abrangia as competências directamente ligadas às florestas. Uma elegante falácia, que aplicada extensivamente justificaria um absurdo como a transferência para Secretaria de Estado Indústria, Comércio e Serviços de competências do ICN, mas só aquelas directamente ligadas à Indústria, Comércio e Serviços.

Esqueçamos a aparente contradição entre as palavras de Durão Barroso e de Sevinate Pinto.

Não esqueçamos é o óbvio ultimato do Sr. Ministro Theias: ou as competências ou eu! As suas críticas são estranhamente contundentes para um elemento do Executivo, principalmente quando vem a público qualificar esta recomposição de poderes de “retrocesso civilizacional”.

Neste ponto fica-nos a pergunta se Durão irá ou não demitir Theias.

Se o Ministro do Ambiente for demitido saberemos então que este folhetim não passou de uma reacção despropositada e exagerada de Theias.

Se não for demitido temos duas hipóteses:
- Durão Barroso não encontra quem o substitua,
- há realmente planos para esvaziar o ICN e subalternizar a política ambiental a políticas de desenvolvimento não sustentado. Mantém-se a continuada violação dos princípios de gestão do território, dos recursos naturais e da protecção ambiental. Sempre se pode ajustar o não cumprimento das metas de Kyoto a países mediante transferências financeiras a países que o tenham feito - uma simples aquisição de direitos de poluir.

Na segunda alternativa o esclarecimento do Sr. Primeiro-Ministro não terá primado pela clareza.

Mais um caso da extrema instabilidade interna do XV Governo Constitucional.

2003-10-27

Em Roma, ao menos, os leões eram a sério!
Todos os dias à noite libertam os monstros e temos direito à nossa hora oficial de ódio.
Reportagem da TVI acerca do assassínio de uma menina alegadamente pelo pai que também a terá violado: “Agora sobre o crime horrendo (…)”.

Será que já não sabemos avaliar e classificar os factos, já não temos bitola moral e ética? Precisamos tanto do guia normalizador de reacções?

"Olhem! AGORA É SOBRE CRIME E É UM HORRENDO! FIQUEM HORRORISADOS!"

Obrigado, mas dispenso tanto adjectivo! Informem-me por favor!
1. Houve violação do segredo de justiça no processo de instrução “Casa Pia”
2. Há responsável pelo processo.
3. Alguém fez constar o teor de algumas peças processuais.
4. O Sr. Procurador deve procurar saber quem foi, e indicar essa pessoa para processo disciplinar.
5. Caso contrário é ele o responsável!

Ou não?

2003-10-23

Recebi esta pérola na caixa de correio:

Conversa entre o filho de um ministro e a filha de outro ministro:


- Tens um minuto?
- Sim, claro.
- Decidi ir para Medicina.
- Decidiste ir para Medicina... Assim?!
- ... sim!
- Mas, ouve lá, falaste com o teu Pai ?
- Não! Falei com o teu.

2003-10-22

Comunicação do Presidente da República



21 de Outubro de 2003

Portugueses,
A administração da Justiça é uma função essencial do Estado, que tem de exercer-se num quadro de serenidade e de confiança.
Serenidade e confiança nas instituições judiciais e nos procedimentos que aplicam, serenidade e confiança nas pessoas investidas na função de fazer Justiça.
E isto é tanto mais necessário quanto mais graves forem as questões a julgar e quanto maior for a inquietação que elas possam gerar na comunidade.
É por isso que os apressados julgamentos de opinião pública são a pior maneira de procurar a Justiça; e é também por isso que se impõe encontrar um ponto de equilíbrio entre, por um lado, as legítimas exigências de informação e o escrutínio democrático da Justiça que ela ajuda a viabilizar, e, por outro, a garantia de um julgamento célere e equitativo, no local próprio - que são os tribunais e só eles.
Ao Presidente da República cabe zelar pelo regular funcionamento das instituições.
E por isso tem vindo a lembrar princípios essenciais que visam assegurar que o processo penal e a investigação criminal, que o serve, só estão de um lado - o da Justiça; e que estar do lado da Justiça exige que se protejam, com igual empenho, os direitos das vítimas e os direitos dos arguidos, para que à desgraça de não termos sabido cuidar das crianças que nos foram confiadas se não venha somar a desgraça de não termos feito Justiça, ou de termos ficado indesculpavelmente aquém, ou ao lado, na punição dos que delas criminosamente abusaram.
Desses princípios essenciais fazem parte a presunção de inocência; a lealdade processual; o uso ponderado e proporcional de poderes e de medidas, sobretudo quando, como a prisão preventiva, restringem direitos e liberdades fundamentais; a observância do segredo de Justiça, para a indispensável reserva das investigações e para a protecção do bom nome das pessoas.
No exercício das suas funções, o Presidente da República está na posição singular de ter direito a toda a informação necessária e legítima, e de nessa posição se relacionar com todos os órgãos do Estado e seus titulares.
Mas porque assim é, está fora de questão - e os Portugueses que me elegeram duas vezes bem o sabem - que o Presidente da República pudesse usar tal informação ou aproveitar tais relações para fins menos legítimos, designadamente - que fique bem claro- para obstruir ou influenciar a marcha da Justiça.
Posto isto, é tempo de ordenar prioridades e de não esgotar o empenho cívico dos portugueses em questões que, por mais decisivas que sejam - e são - para a moralidade colectiva, representam apenas uma parte do país que há para construir.
A ultrapassagem dos bloqueios do desenvolvimento e das crónicas deficiências estruturais constitui uma indeclinável prioridade do Governo. E essa ultrapassagem exige a mobilização de todos os Portugueses.
Defrontamo-nos, além disso, com um reordenamento estratégico e crucial da União Europeia, que irá influenciar a sua evolução, e projectar-se, assim, nas expectativas e interesses de Portugal, como Estado membro, e dos seus cidadãos.
A Justiça, em geral, e não apenas um processo, aguarda a reforma que agilize o sistema e o torne, finalmente, célere e equitativo.
Perante tudo isto - que é muito, e que é o essencial dos desafios que nos estão colocados - não faz qualquer sentido que as prioridades e preocupações dos portugueses continuem a ser, diariamente, secundarizadas, por uma qualquer novela judiciária, tantas vezes com criminosa e despudorada violação do segredo de Justiça, que não pode, naturalmente, ficar impune.
Novela judiciária que nos distrai de todas as outras preocupações e projectos, igualmente essenciais, e acaba por constituir, no alarido criado, entrave de monta a uma administração da Justiça que convença pela sua equidade, pelo seu equilíbrio e pela sua serenidade.
É isso que é próprio de uma nação que administra Justiça há muitos séculos, que se revê nas virtudes e nas capacidades que a trouxeram ao século XXI, e que não se deixa vencer pelo desânimo e apatia colectivas só porque no percurso da modernidade há males antigos a combater.
Por mais doloroso que seja este tempo, façamos dele um tempo de esperança.

no site da PR

2003-10-01

Projectos:


Ando a pensar em publicar umas postas acerca da reforma da Administração Pública, do papel do Estado na sociedade, da equidade e do mercado, e de um tema muito novecentista: o ESTADO PROVIDÊNCIA.

Mas vou de férias. Ciao
Recebi esta mensagem:
Saiu no passado Sábado, na revista Única do Expresso, um artigo de Luísa Schmidt a alertar para a degradação do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

Em resumo fala-se de áreas que se pretendem desanexar da reserva natural (para promoção, contrução imobiliária e turismo), da inexistência de políticas destinadas às populações residentes em zonas protegidas e da incuria do Estado.

Por tudo isto corre na Net uma petição ao ministro do Ambiente para recordar o Estado dos direitos dos cidadãos.


Seria bom que em vez de chorar sobre leite derramado (tal como na vaga de incêndios), a sociedade civil agisse a tempo e horas e fizesse valer a sua posição. Não queremos outro Algarve. Queremos?

Já assinei.