A constante depreciação do dólar dos últimos dois anos originou brutais transferências de riqueza entre os grandes blocos mundiais. O arranque da economia norte-americana em 2003 deve-se, em parte, ao comportamento da sua moeda.
Em comparação com os anos noventa, o défice público nos EUA é enorme. Tal deve-se a uma redução efectiva dos impostos sobre a riqueza –um choque fiscal - durante o consulado de Bush. Esta em conjunto com o aumento das despesas militares levaram o défice aos 5% do PIB – recorde-se o historial dos dois mandatos de Clinton com sistemáticos superávites orçamentais.
As necessidades de financiamento das despesa militares do Governo Federal são brutais. Em são parte satisfeitas pela redução de despesas sociais e, na grande maioria, pela corrida dos bancos asiáticos às Obrigações do Tesouro norte-americano.
As economias asiáticas, a China entre elas, têm tido, graças ao crescimento do consumo norte-americano, excedentes comerciais. Resulta um excesso de liquidez que é aplicado na manutenção do défice público norte-americano, que alimenta o consumo privado, e também as importações de bens asiáticos. A estratégia de pagar para ver dos asiáticos, mantém a paridade entre as suas moedas e o dólar, não prejudicando as suas contas externas.
O crescimento norte-americano é induzido por uma política orçamental, que nos padrões comunitários seria passível de censura. Os bancos asiáticos garantem o seu financiamento abundante e barato.
E completou-se o ciclo. As economias asiáticas apanharam a onda da política expansionista norte-americana.
Em comparação o Banco Central Europeu manteve a sua política de contenção e controlo da inflação. A zona euro importou o desemprego criado pela perda nos termos de troca com a Ásia e os EUA, que retardaram o arranque do crescimento. A sua posição fundamenta-se na insustentabilidade a médio prazo da estratégia asiática.
As taxas de juro implícitas nas Obrigações do Tesouro irão subir, por via da dimensão dos défices público e externo nos EUA, com impactos no risco destas aplicações financeiras. A economia americana abrandará, o que se repercutirá nas economias asiáticas em maior escala, por terem sido elas a financiar os actuais défices, a um preço abaixo do par. A solvabilidade do sistema bancário das economias asiáticas corre algum risco neste cenário.
A aposta dos países do extemo oriente está numa mudança de política, quanto mais depresa melhor. Adoptando as medidas de contenção necessárias ao controlo do défice e reduzindo as tensões inflacionistas, o impacto suave e o crescimento sustentável.
Os ciclos eleitorais norte-americanos são determinantes para a conjuntura macroeconómica mundial.
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