2004-07-23

bons exemplos



Sempre pensei que, apesar dos inúmeros erros de condução política no pós-guerra no Iraque, estávamos perante um exemplo de administração transparente, organizada e fundada na aplicação de regras mínimas de responsabilização. Achei que a potência administrante do território não se permitiria esquecer as mínimas regras da boa gestão pública e democrática. Até porque o período da administração estrangeira no Iraque seria uma extraordinária oportunidade de demonstrar a superioridade das instituições e da administração de cariz ocidental.

Aparentemente tal não aconteceu. Do tão propalado esforço financeiro de reconstrução do país, pelo Congresso dos EUA foram aprovados $18.400 milhões, só uma ínfima parte foi efectivamente aplicada, $400 milhões. O resto do orçamento da Autoridade Provisória teve origem em receitas da venda de petróleo, assim que a ONU permitiu a aplicação das receitas do programa de petróleo por comida.
 
Em contrapartida a ONU impôs auditorias e supervisão de entidades independentes, o que só veio a acontecer em Abril de 2004. E o resultado da auditoria da KPMG é preocupante.
 
A contabilização dos $20.000 milhões de receitas do Fundo de Desenvolvimento para o Iraque consistia em folhas de cálculo. Na venda do petróleo, foi incipiente e pouco credível. Foi negado aos auditores o acesso a ministérios apontados como núcleos de corrupção, assim como a relatórios sobre certos contratos de grande dimensão. Ficou por saber o destino de $1.400 milhões pagos à Halliburton.
 
Uma administração que esqueceu Kyoto, não aderiu ao TPI, não impediu as omissões de Guantanamo e os abusos de Abu Ghraib, não se permitiria a cumprir as mais básicas regras de uma administração justa, democrática e transparente.
 
As regras são para aplicar em casa e só em casa.
 
a partir da leitura de “Accounting and Accountability” de PAUL KRUGMAN no New York Times

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