2004-03-17

No Mar Salgado tecem-se inteligentes considerações sobre as opções de integrar, ou não, as forças ocupantes do Iraque.

Imputar culpas aos governantes com base apenas nas possíveis consequências das suas decisões, sem lhes discutir o mérito mas apenas pelo medo de represálias terroristas, parece-me uma imensa cobardia.

No entanto e embora se trate de uma promessa eleitoral, Zapatero terá que pesar muito bem as consequências de uma retirada espanhola do Iraque, no rescaldo do atentado.

Concordei, e concordo, com a intervenção portuguesa no pós-guerra, com base num cálculo de minimização de custos. Abandonar o povo iraquiano a braços com a reconstrução é uma irresponsável decisão, instabilizando ainda mais médio oriente. Com isto não digo que concordei com a 2ª Guerra do Golfo, mas depois do mal feito...

Zapatero como novo líder de um país cada vez mais central na família europeia, por via da continuidade da projecção iniciada por González e continuada por Aznar, tem a obrigação e a responsabilidade de mostrar ao mundo que as opções de política externa espanhola mudaram. Zapatero disse que a Espanha, sob a sua liderança, não fará mais parte do "trio dos açores", mantendo-se no Iraque só, e só, na égide da ONU. Não será coincidência a França desejar uma intervenção internacional no Iraque, com o aval do Conselho de Segurança, o que irá propor. Afigura-se uma reaproximação da Espanha ao centro da UE, o que nos garante a redução da instabilidade interna da União.

Entre a participação e a cobardia, existem outras opções, realistas e realizáveis, que não omitem as responsabilidades ocidentais no Médio Oriente. Entre a manutenção e a retirada há o reforço da tese europeia de não hostilização do povo muçulmano.

Porqué é tempo de dar fim a este absurdo, e perigoso, "Choque de Civilizações". É tempo de não mais alimentar, de argumentos e apoiantes, as forças radicais do mundo muçulmano. É tempo de isolar politicamente os falcões e dar forças às pombas...

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