No passado domingo foi Natal cá em casa.
Tudo mudou...
Apesar de pessoal, este não é um blogue confessional nem íntimo. Por regra, as pequenas e intraduzíveis peripécias pessoais e familiares ficam lá fora, no quintal.
Mas desta vez entrou e fez tudo mudar...
Bem vinda ao mundo, minha querida filha!
2004-04-24
2004-04-15
Aproveitando a época pascal, o Sr. Cardeal Patriaca defendeu o cristianismo como o principal factor agregador da civilização ocidental, nomeadamente na europa.
Os valores cristãos como fonte do direito nos países ocidentais constituirá uma sobrevalorização do papel da igreja e uma submisssão dos cidadãos não cristãos a valores que poderão não partilhar. As comunidades de matriz não semita (cristão, muçulmanos ou judeus), não se reverão certamente num quadro moral e ético rigidamente colado ao das religiões do Livro.
Ao contrário do Sr. Cardeal considero que os valores laicos da Europa são a única solução contra a desagregação social. A separação do Estado e da Igreja (ou igrejas) é o melhor garante de uma sã convivência entre diferentes comunidades com diferentes fés e diferentes valores.
Os valores cristãos como fonte do direito nos países ocidentais constituirá uma sobrevalorização do papel da igreja e uma submisssão dos cidadãos não cristãos a valores que poderão não partilhar. As comunidades de matriz não semita (cristão, muçulmanos ou judeus), não se reverão certamente num quadro moral e ético rigidamente colado ao das religiões do Livro.
Ao contrário do Sr. Cardeal considero que os valores laicos da Europa são a única solução contra a desagregação social. A separação do Estado e da Igreja (ou igrejas) é o melhor garante de uma sã convivência entre diferentes comunidades com diferentes fés e diferentes valores.
2004-04-14
PSD e PS defendem benefícios fiscais para pais casados
(título do Público)
Com base em estudo de João Carlos Espada, da UC, que cita experiência norte-americana dos últimos 30 anos, "as crianças criadas em famílias biparentais casadas completam mais anos de escolaridade, conseguem níveis de rendimento mais elevados" e "aparentam ter uma maior probabilidade de não caírem na delinquência juvenil".
A proposta dos deputados do PS e do PSD fundamenta-se na esperança de que a fiscalidade influencie a estabilidade familiar, dentro do casamento, e por essa via a qualidade de vida das futuras gerações.
Não quero entrar nas questões de justiça e liberdade social e de direito de intromissão do Estado em assuntos de carácter eminentemente privado. Basta avaliar o binómio custo benefício para a recusar. Parece-me ser esta medida nula nos resultados e pesada nos recursos utilizados.
Uma política fiscal promotora do casamento terá pouco impacto na duração dos casamentos e, mais importante, na redução de divórcios e separações de facto. Não aumentando a duração média dos casamentos em casais em idade reprodutiva, o tempo ganho no acompanhamento das crianças por ambos os pais é zero. Um casal com filhos que decida divorciar-se manterá, por razões fiscais, o casamento, mas separa-se de facto. Para os efeitos pretedidos - maior acompanhamento das crianças - essa família será monoparental, porque os pais de facto não estão nem querem estar juntos. Um cenário de manutenção formal de casamentos, sem efectiva partilha da vida a dois, poderá ainda ter o efeito perverso de, não havendo a tutela exterior no processo de divórcio, ser ainda menos clara a divisão das tarefas educativas e acompanhamento dos filhos.
Mesmo no caso em que os casamentos aumentem e durem mais tempo, não está garantido que o impacto global na qualidade de vida dos jovens seja positivo. João Carlos Espada admite que "Nenhuma relação de causalidade é aqui sugerida. Falamos apenas de grandes números e de grandes probabilidades, repetidas e confirmadas ao longo dos últimos anos".
Pina Moura concorda que "a política fiscal de apoio à família e à natalidade é uma boa opção", mas avisa que o esforço financeiro do Estado resultante da diminuição de receita resultará na redução de outras despesas, sociais ou não, ou no aumento das receitas por outra via. Esta opção de política fiscal não é gratuita, implica esforço e custos que os cidadãos terão de suportar.
Os benefícios fiscais a pais casados têm ganhos ou nulos ou num futuro incerto, mas custos certos e no presente. Falta esclarecer, em muito, a bondade desta medida.
2004-04-13
Much of what happens in historycomes from 'Black Swan dynamics', very large, sudden, and totally unpredictable 'outliers', while much of what we usually talk about is almost pure noise. Our track record in predicting those events is dismal; yet by some mechanism called the hindsight bias we think that we understand them. We have a bad habit of finding 'laws' in history (by fitting stories to events and detecting false patterns); we are drivers looking through the rear view mirror while convinced we are looking ahead.
NASSIM NICHOLAS TALEB na Edge
NASSIM NICHOLAS TALEB na Edge
2004-04-12
da história
A conduzir pelo trânsito surge-me na perifieria do olhar uma faixa branca, interrompida por quatro manchas de descoloradas florecas. Concentro a minha atenção e, num fugidio olhar, não fosse o cidadão circulando ali à frente lembrar-se de travar a fundo, descubro-as espectros de cravos pós-modernos, disfarçadinhos, sobre o dizer: Abril é evolução.
Lembrei-me emtão de ler os romances de Kundera e aprender que houve (no pretérito, mais que imperfeito) regimes que apagavam da história todos os que ousavam opor-se. A memória e, consequentemente, a História, era um constante retocar de memórias e acontecimentos, chutando certos seres espectrais - os descontentes - para um qualquer limbo do esquecimento. E lembro-me também da sua conclusão: que o verdadeiro propósito do poder não era gerir o presente e influenciar o futuro, mas tão só, recontar o passado.
Não sei porquê lembrei-me...
2004-04-07
crime económico
Em Conselho de Secretários de Estado foi aprovado projecto de Diploma autorizando a Polícia Judiciária a aceder em tempo real a informações que sejam relevantes para investigações relacionadas com crimes tributários da sua competência. À partida apresenta-se como mais uma arma interessante, são só contra a evasão fiscal, mas também contra o crime económico.
Não me choca particularmente que este acesso, centralizado num grupo restrito de investigadores obrigados a sigilo profissional e seja só controlado a posteriori, sem qualquer autorização prévia do Ministério Público ou de um juiz de instrução. Tanto mais, a ver pela experiência das escutas telefónicas, o controlo prévio por magistrado tem sido habilmente rodeado e ultrapassado.
As minhas preocupações prendem-se com o grau de controlo sucessivo a que estará sujeito o acesso a esta informação, que deve ser apertado o detalhe dos critérios de actuação destes profissionais de polícia. Devem ficar garantidas regras de actuação claras, rigorosas e públicas. Deve haver um controlo não só dos acessos que permitem a acusação como também dos que levarem a um beco sem saída.
no Público
2004-04-06
«(…) evitar que a futura Constituição europeia reduza em termos inaceitáveis os poderes dos parlamentos nacionais»
Estas palavras de Mota Amaral, a segunda figura da república, serão fim do silêncio, distraído, como que assobiando as melodias de outrora, acerca da estratégia nacional para a UE? Parece-me que não…
Enquanto todos estivermos de olhos postos no Iraque, na Palestina ocupada, no horizonte da retoma que não chega, em cartões amarelos empinados ao sol, na reforma da administração pública que rasteja e ofega, o poder foge-nos das mãos… Porque todas as inovações de representação indirecta e directa, de democracia de geometria variável, movimentos de base em rede alargada, de participação voluntária, da sociedade civil, das ONG’s, de interactividade mediada por máquinas, de fragmentação ou diferenciação social; não escamoteiam nem substituem o único momento de cidadania totalmente individual, equalitário e livre: o voto.
Com o voto branco, nulo ou válido o fraco, o pobre, o mediano, o pau-mandado, o ignorante, o zé-ninguém, o mal-cheiroso, o cego, o negro, o doente, o velho, o cigano, o faminto podem escolher e decidir. Nesse único momento cada um deles começa a exigir a vida melhor. Quando o voto não é um momento irrepetível, mas sim uma instituição, que constitui o modo de vida, mudam as condições e as aspirações para a vida de cada um. Neste sentido o voto é uma arma.
A redução dos poderes dos parlamentos é diminuir o poder dos povos.
Estas palavras de Mota Amaral, a segunda figura da república, serão fim do silêncio, distraído, como que assobiando as melodias de outrora, acerca da estratégia nacional para a UE? Parece-me que não…
Enquanto todos estivermos de olhos postos no Iraque, na Palestina ocupada, no horizonte da retoma que não chega, em cartões amarelos empinados ao sol, na reforma da administração pública que rasteja e ofega, o poder foge-nos das mãos… Porque todas as inovações de representação indirecta e directa, de democracia de geometria variável, movimentos de base em rede alargada, de participação voluntária, da sociedade civil, das ONG’s, de interactividade mediada por máquinas, de fragmentação ou diferenciação social; não escamoteiam nem substituem o único momento de cidadania totalmente individual, equalitário e livre: o voto.
Com o voto branco, nulo ou válido o fraco, o pobre, o mediano, o pau-mandado, o ignorante, o zé-ninguém, o mal-cheiroso, o cego, o negro, o doente, o velho, o cigano, o faminto podem escolher e decidir. Nesse único momento cada um deles começa a exigir a vida melhor. Quando o voto não é um momento irrepetível, mas sim uma instituição, que constitui o modo de vida, mudam as condições e as aspirações para a vida de cada um. Neste sentido o voto é uma arma.
A redução dos poderes dos parlamentos é diminuir o poder dos povos.
2004-04-05
E mais um ERRO de Saramago
A proposta de Saramago é racista e xenófoba e peconceituosa. É inaceitável que:
1. Não dê também relevo ao VOTO em PRETO.
2. Tenha esquecido o VOTO em ARCO-IRIS.
3. Não se recupere do seu mau relacionamento com a democracia multi-color do século XXI.
4. Que não aceite que cada tom merece tanta,ou mais, destaque, que os outros - em particular o fucsia e o lilás.
5. Mostre uma preferência indesfarçável de esconder a multi-coloridade actual por um manto gélido BRANCO.
6. Ainda não tenha compreendido, nem aceitado, que num estado de direito democrático como o nosso cada qual VOTA COM A COR QUE QUISER.
Existem outras soluções para além do VOTO em BRANCO.
MANDA UM MMS E PROTESTA COM A COR QUE MAIS GOSTARES.
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