2004-04-12

da história



A conduzir pelo trânsito surge-me na perifieria do olhar uma faixa branca, interrompida por quatro manchas de descoloradas florecas. Concentro a minha atenção e, num fugidio olhar, não fosse o cidadão circulando ali à frente lembrar-se de travar a fundo, descubro-as espectros de cravos pós-modernos, disfarçadinhos, sobre o dizer: Abril é evolução.

Lembrei-me emtão de ler os romances de Kundera e aprender que houve (no pretérito, mais que imperfeito) regimes que apagavam da história todos os que ousavam opor-se. A memória e, consequentemente, a História, era um constante retocar de memórias e acontecimentos, chutando certos seres espectrais - os descontentes - para um qualquer limbo do esquecimento. E lembro-me também da sua conclusão: que o verdadeiro propósito do poder não era gerir o presente e influenciar o futuro, mas tão só, recontar o passado.

Não sei porquê lembrei-me...

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