2004-08-11

Por contraditório que eu esteja agora a parecer, a liberalização dos mercados agrícolas é das poucas boas notícias, nas últimas três décadas, para África. Globalmente o continente tem perdido qualidade de vida e a pobreza generalizada é regra.

A causa do empobrecimento real dos africanos não são as barreiras ao comércio, as tarifas às exportações e os subsídios aos agricultores, mas sim a guerra, a corrupção, o esquecimento, a má governação. Não há comércio que resolva estes problemas.

As relações internacionais têm historicamente duas vias: o comércio e a guerra. Por estes motivos a grandes alianças mundiais são militares. As principais instituições internacionais foram criadas para fazer a guerra (NATO, Pacto de Varsóvia) e expandir o comércio (OCDE, UE, EFTA, OMC, Banco Mundial, FMI, Mercosul, NAFTA, etc). Duas foram criadas para regular e impedir a guerra (Sociedade das Nações e ONU).

Sem surpresa a comunidade internacional tem intervido de forma errática, titubeante e ineficaz na resolução dos problemas mundiais que não sejam comerciais ou guerreiros. A experiência é pouca e a orientação das instituições mundiais é outra, a política internacional não está estruturada nem direccionada para os problemas populacionais, de desenvolvimento, de justiça e do ambiente.

O comércio é uma talvez o grande fundamento das relações internacionais pacíficas e mutuamente vantajosas. Não é suficiente resposta para os problemas actuais.

Sem comentários: