2004-01-05

Euro atinge novo máximo histórico nos 1,2697
(no Público)



A retoma da economia portuguesa em 2004 depende da dinâmica das economias alemã e francesa.

Neste contexto, a taxa de câmbio euro-dólar é fulcral, mas mais importante para a zona euro do que para os EUA.

A diferença está no extremo-oriente, em particular no aumento do peso da China no comércio internacional, que tem relações mais estreitas com os norte-americanos do que com os europeus. A actual tendência das taxa de câmbio tem impactos mais fortes para a economia europeia, até porque o dolar continua a ser a moeda referência no cenário internacional.

Sendo um facto central para a economia europeia, a valorização do Euro é excessiva para a europa. É um fenómeno controlável para os EUA, por via da melhoria dos seus termos de troca com o extremo oriente, compensando o seu défice da balança de transacções correntes. O governo federal apresenta uma política orçamental marcadamente expansionista, com défice orçamental na casa dos 5%, em conjunto com as baixas taxas de juro do FED. O dolar só poderia descer.

O problema é, no curto prazo, só europeu.

O desenho institucional das autoridade monetária (BCE) e os determinantes da política orçamental (pacto de estabilidade e crescimento), acentuam as políticas de cariz marcadamente anti-inflacionista.

As regras do jogo que definem os processos de decisão, deixam pouca margem para uma expansão a reboque da política monetária. O exemplo do Japão, armadilhado numa espiral de deflacção e de taxas de juro baixíssimas, retira argumentos para descidas do juro euro.

Resta uma política orçamental expansionista, à revelia do PEC. Falta saber em quanto, por que estados-membros e por via de que processo de decisão. A determinação dos défices por acordos de cavalheiros firmados pelo Conselho também não é nada satisfatória. Um outro mecanismo de determinação da política orçamental na zona euro é desejável, desde que permita uma real coordenação dos orçamentos públicos na zona euro.

É assim expectável um aumento do desfazamento entre a retoma norte-americana e a europeia, por menor flexibilidade e eficácia dos instrumentos de política macro-económica.

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