2004-03-31

Transição para a democracia


Há 15 anos atrás, eleições democráticas na Guiné-Bissau, em Moçambique ou em Cabo Verde seriam uma miragem - uma utopia. Houve quem advogasse a sua impossibilidade, por falta de condições sociais, culturais e políticas nos países de Terceiro Mundo.

Hoje os três países convivem com a democracia.

Mais ou menos estabilizadas, as eleições são consideradas a forma privilegiada de conquistar o poder. A legitimação dos Governos exige, como condição necessária, o voto popular. As eleições são sujeitas ao crivo da comunidade internacional. Os cidadãos destes países africanos reconhecem a importância e o poder do voto.

Qualquer cidadão português que tem presente a história recente do país, reconhece-se nas alegrias, sustos, engulhos e lutas vividas pelos africanos. A democracia portuguesa passou por dificuldades de implementação há 30 anos atrás, algumas semelhantes às encontradas na Guiné, em Moçambique e em Cabo Verde. Tal como Portugal em 1975 e 1976, a comunidade internacional apoia estes países na realização de eleições claras, justas e honestas, que expressem a vontade do povo.

Em nenhum destes casos a democracia começou por uma guerra. Tornou-se possível com o fim da guerra. Passou por esforços diplomáticos e de cooperação internacional, também do Estado Português. A presença militar foi diminuta ou nula, limitada do tempo e a funções de mera segurança dos elementos da cooperação.

É um estranho processo de democratização, este, no Iraque.

2004-03-30

Despertar





Sem saber como, é magoada, batida, pelo rapaz que não vê o amor dela.
Melchior violou-a.
Wendla engravida de surpresa, não sabe porquê nem como.

Para ter um filho não há cegonhas só se amares um homem.
Mas como estou com barriga de água se não amei ninguém? Só a ti mãe! Nem sou casada



A menina morre atirada de mão inábil em mão inábil. O rapaz é jogado na sombra como um títere inútil.
No Despertar da Primavera, o poder e o silêncio destroem os amantes.

2004-03-24

Europa



O atentado de 11 de Março e as eleições espanholas de 14 obrigam a um reposicionamento da União Europeia no mundo e a uma reflexão acerca do papel de cada um dos seus membros após o alargamento.

O terror da morte entranhou-se na vida dos cidadãos europeus e colocou o Médio Oriente ainda mais no centro das nossas preocupações. A paz com o mundo islâmico e entre os muçulmanos é, cada vez mais, um objectivo comum. Uma Europa escondida atrás de uma muralha de ferro é, ainda mais, impraticável, inconsequente e perversa.

Impraticável porque o diferencial de qualidade de vida, segurança e rendimentos entre as margens norte e sul do Mediterrâneo vale o risco da travessia, paga o custo de ser ilegal e compensa o desenraizamento de ser imigrante. Inconsequente porque quão mais distante e menos envolvida estiver a Europa do mundo islâmico maior será o mercado político de descontentes para os movimentos radicais e xenófobos - na Europa, entre os Muçulmanos e em Israel. Perversa porque sacrifica gerações de muçulmanos e de europeus - e de europeus muçulmanos - a esta guerrilha interminável, a esta meia paz, a esta desconfiança do outro. Perversa por em troca oferecer a cada um de nós uma amarga ilusão de justiça e vingança.

A vitória do PSOE é o início de uma viragem na política externa da Espanha, projectando-a no seio da União Europeia. Uma Espanha menos atlântica e mais continental reforça o aprofundamento das instituições da União e valoriza o processo Constitucional Europeu. O seu peso é suficiente para alterar as realação de forças, isolando a Polónia na sua recusa a constituição. Resolve-se o impasse. Avizinha-se um período de resoluções, de mudanças drásticas e imprevisíveis no seio da EU.

A conjuntura internacional é um desafio para os europeus, exigindo uma política europeia externa comum. O reposionamento espanhol é uma oportunidade para um acordo constitucional eficaz, justo e sustentável que a enquadre.

Pena é que os portugueses desconheçam as opções de política europeia. As posições do governo e da oposição e eventuais pontos de acordo e de desacordo são um mistério. Uma estratégia negocial portuguesa uma miragem.

E faltam dois meses para as eleições europeias.

2004-03-23

Se bem entendi, depois de Estaline e Ben-Gurion, entraram em cena Bush e Sharon.

2004-03-22

Duas alterações a notar nas ligações à direita:
o cruzes continua o mesmo mas com um ar novo;
acrescentei o magnífico Ma-Schamba, que merece a nossa leitura diária.

2004-03-19

teleporting



Quantos de nós, bons cidadãos, democratas, católicos, poderemos assegurar que, nas mesmas circunstâncias (o tempo, o lugar, a educação, etc.), não seríamos apoiantes de Hitler na Alemanha dos anos 30? Ou admiradores de Bin-Laden no Afeganistão ou no Paquistão de 2004?
CC na Quinta Coluna

Somos, talvez, pouco mais que o tempo, o lugar e a educação.

A cidadania, a democracia, os direitos humanos, as liberdades não existem num qualquer Jardim das Delícias (até porque aí seriam dispensáveis), não têm origem num etéreo estado natural do ser humano, não resultam de uma inata tendência para o bem. Existem num lugar, num tempo, numa cultura. Resultam de uma História - a nossa.

Quantos de nós seríamos bons cidadãos ou democratas na Alemanha do anos 30 ou no Afeganistão e Paquistão de 2004?

2004-03-18

martírio



cristo levando a cruz, El Greco

Mel Gibson reforçou a intolerável dor suportada pela carne de Cristo.
El Greco a beatitude da certeza da Salvação.

Eu não sei qual delas me assusta mais.

2004-03-17

No Mar Salgado tecem-se inteligentes considerações sobre as opções de integrar, ou não, as forças ocupantes do Iraque.

Imputar culpas aos governantes com base apenas nas possíveis consequências das suas decisões, sem lhes discutir o mérito mas apenas pelo medo de represálias terroristas, parece-me uma imensa cobardia.

No entanto e embora se trate de uma promessa eleitoral, Zapatero terá que pesar muito bem as consequências de uma retirada espanhola do Iraque, no rescaldo do atentado.

Concordei, e concordo, com a intervenção portuguesa no pós-guerra, com base num cálculo de minimização de custos. Abandonar o povo iraquiano a braços com a reconstrução é uma irresponsável decisão, instabilizando ainda mais médio oriente. Com isto não digo que concordei com a 2ª Guerra do Golfo, mas depois do mal feito...

Zapatero como novo líder de um país cada vez mais central na família europeia, por via da continuidade da projecção iniciada por González e continuada por Aznar, tem a obrigação e a responsabilidade de mostrar ao mundo que as opções de política externa espanhola mudaram. Zapatero disse que a Espanha, sob a sua liderança, não fará mais parte do "trio dos açores", mantendo-se no Iraque só, e só, na égide da ONU. Não será coincidência a França desejar uma intervenção internacional no Iraque, com o aval do Conselho de Segurança, o que irá propor. Afigura-se uma reaproximação da Espanha ao centro da UE, o que nos garante a redução da instabilidade interna da União.

Entre a participação e a cobardia, existem outras opções, realistas e realizáveis, que não omitem as responsabilidades ocidentais no Médio Oriente. Entre a manutenção e a retirada há o reforço da tese europeia de não hostilização do povo muçulmano.

Porqué é tempo de dar fim a este absurdo, e perigoso, "Choque de Civilizações". É tempo de não mais alimentar, de argumentos e apoiantes, as forças radicais do mundo muçulmano. É tempo de isolar politicamente os falcões e dar forças às pombas...

2004-03-16

Do futebol


Na ânsia de vencer, apela-se aos instintos mais básicos sem cuidar da verdade da proporcionalidade e da justiça. Interessa a agressividade, a vingança, a ameaça... Após a derrota todas as justificações são válidas, desde a bola que é redonda até à relva que é verde e o árbitro que é ladrão e a sorte foi madrasta e...

Um jogo de futebol concentra, em momentos, as emoções básicas , o instinto de agressão, o gozo da conquista. Ritualiza-os. Faz parte da natureza do futebol esse discurso irracional, populista e manipulador que tantas vezes ouvimos nos seus dirigentes; que prolonga e amplia a participação e a partilha das emoções do jogo. Num jogo a fuga à realidade é aceitável, porque o próprio jogo é um escape ao quotidiano medíocre que a maioria de nós carrega.

Transpor esta gramática para a vida pública é demasiado perigoso.
Transformar uma sondagem em resultados da jornada do fim-de-semana, que se comentam à segunda, é redutor.
Fazer das eleições uma final da Liga dos Campeões é demagógico.
Comentar as decisões populares como se fosse o penalti mal marcado é manipulador.

A democracia merece mais...

2004-03-13

Tal como o governo espanhol, prefiro que a autoria dos atentados de Madrid seja da ETA. A alternativa é demasiado assustadora.

Pensando unicamente nos interesses imediatos do país onde nasci, da cidade onde vivo, da segurança dos meus vizinhos, da família e amigos, da minha integridade pessoal, prefiro de longe a ETA.

O impacto psicológico, político e social de um atentado fundamentalista islâmico na capital de um dos dois aliados ibéricos da guerra ao terrorismo de Bush é preocupante para a segurança e paz do nosso quintal. A própria europa no seu todo sentirá as ondas de impacto das explosões de 11 de Março, na hipótese islâmica. Pense-se no peso das comunidades imigrantes muçulmanos na Europa e uma vaga de xenofobia e de anti-islamismo é muito provável.

Se me fosse possível escolher, prefereria fechar os olhos com força, tapar aos ouvidos com as mãos e repetir até a exaustão a ladainha:
"A culpa é da ETA"
"A culpa é da ETA"
"A culpa é da ETA"
"A culpa é da ETA"


Os neo-conservadores e a sua visão hiper-simplificadora da realidade. Pretendem alterar o panorama através do discurso delimitador de fronteiras rígidas entre nós e os outros, o claro e o escuro, entre o bem absoluto e o mal absoluto. Este discurso securitário, claro e apelativo, de tanto ser repetido, toldou o olhar e apressou a conclusão de quem o profere. Ideologizou a defesa do interesse do povo espanhol. Estruturada em torno da guerra ao terrorismo a visão neo-conservadora do mundo deturpou-se. Perdida a capacidade de leitura do mundo, tornou-se como um corpo rígido sob a acção de forças contrárias, imóvel até cair ou quebrar. O governo espanhol foi, pela segunda vez, incapaz de reagir à surpresa, ao acontecimento que foge do paradigma e ao cenário antecipado.

A imputação da culpa à ETA, com base em pressupostos, perspectivas e desejos, sem provas factuais, é de uma fraca compreensão do Estado de Direito, porque julga com base em intenções e presuspostos. É uma irresponsabilidade política porque fractura, para gerações, a sociedade espanhola.

Fazê-lo com base em cálculos eleitorais é indesculpável.

2004-03-11

Arnaldo Ortegi, dirigente do Batasuna não admite que a ETA tenha colocado as bombas nos comboios em Madrid. As suas afirmações são o sussurro face ao clamor generalizado das certezas, não só da classe política, como de toda a população espanhola.

A primeira reacção à notícia das explosões é imputar a responsabilidade à ETA, a bête noire do Governo espanhol. Mas as informações que vêem surgindo após o embate levantam questões que a fragilizam. Peritos da EUROPOL confirmam as dúvidas de Ortegi, realçando que o modo de actuação não corresponde ao habitualmente utilizado pela ETA. Por outro lado, a utilização de dinamite mantém as suspeitas sobre a organização terrorista basca.
São mais as dúvidas que as certezas.

O Governo espanhol, a três dias das eleições foca ainda mais a actualidade no tema central desta campanha eleitoral: a ETA. Para Rajoy e o restante Governo a ETA foi responsável pelo atentado terrorista, não havendo qualquer outra alternativa possível. Terá a sua visão da realidade sido contaminada por algum voluntarismo político ou terá o Governo espanhol informações mais precisas que o Batasuna?

Devem ser chorados os mortos, socorridos os feridos. Deve dar-se caça aos assassinos. Devem ser julgados e castigados. Mas não se deve alimentar o espírito de vingança. Outro perigo recai sobre as democracias: esta terrível tentação securitária.

LUTO E TRISTEZA

2004-03-10

Na proposta do Governo do novo enquadramento da negociação salarial há um ponto que me preocupa: os ganhos de produtividade não se repercutirem, na sua totalidade, no crescimento salarial.

Para manter a peso do trabalho no rendimento nacional é importante que o crescimento dos salários iguale a inflação mais o crescimento da média do produto nacional por trabalhador, mais conhecida por produtividade média do trabalho. Se o crescimento do contributo de cada trabalhador para o produto for maior do que a evolução do salário (descontada a inflação) a porção que sobra para a remuneração capitalista e para o Estado é maior, logo o peso do trabalho na economia desce.

Como o rendimento das classes baixa e média baixa é maioritariamente salários a diminuição do peso do trabalho na economia é um preocupante indicador de maior da desigualdade.

Ora a proposta do Governo propõe que o crescimento salarial não repercuta a totalidade dos ganhos de produtividade. O Governo propôs um aumento do leque entre os mais ricos e os mais pobres.

menos um vírgula três por cento

2004-03-08

exames


Considero a avaliação um instrumento importante do processo de aprendizagem e fundamental para a sua melhoria constante. A avaliação individual do aluno servirá também para identificar as fragilidades e corrigi-las.

Preocupa-me a falta de definição das competências-chave de cada ciclo de aprendizagem. Sem ela será difícil identificar o que avaliar e segundo que processos. Estaremos a examinar por examinar, a distinguir por distinguir. Não sabemos se o que marcamos como bom é realmente o que pretendemos.

Acredito que há lugar a momentos formais de avaliação individual escrita, normalizada e igual para todos - os exames. A avaliação contínua, relacional e presencial tem claras vantagens na identificação das capacidades que escapam ao exame escrito. A sua natureza exige a subjectividade do avaliador logo peca pelas diferenças entre diferentes avaliadores, difíceis de controlar. Por razões de igualdade e objectividade o exame é justificável.

As escolas tem a liberdade de adaptar as matérias à comunidade envolvente, havendo a possibilidade de uma multiplicidade de precursos. Esta possibilidade contém o risco de se perder a coerência do sistema e a identificação das competências adquiridas. Acredito que os benefícios desta flexibilização são maiores que os custos, mas momentos chave de normalização e igualização das competências é fundamental. Não quero viver num país em que temas fundamentais para a compreensão do mundo com a geometria e o cálculo, o língua portuguesa, a teoria da evolução, a sexualidade , a ciência ou a literatura sejam competências optativas dependentes do contexto social, religioso e económico em que a escola está inserida. Para isso o exame nacional normalizado é um instrumento muito eficaz.

Acredito que a responsabilização dos cidadãos cria-se com a responsabilização das crianças de forma adequada à idade e ao grau de desenvolvimento. Para o que a avaliação contribui. Acredito que a avaliação deve ser clara e fácil de entender pelos seus destinatários - as crianças e os pais.

Por isso concordo com exames nacionais normalizados ao longo de todo o percurso educativo, e mesmo durante o ensino obrigatório. Deverão ser enquadrados num processo de avaliação completo, que inclua as outras vertentes presenciais, relacionais e subjectivas. Nunca aceitarei o exame como o única forma de avaliar pessoas, alunos ou não.

Devem ser avaliadas, muito cuidadosamente, as consequências do exame para cada aluno. O que acontece aos insucessos, aos alunos com resultados mais baixos, é a principal discussão. Implementar sistema que prejudicasse a inclusão de todos, principalmente dos mais desfavorecidos, seria uma viagem no tempo - 30 anos para o passado.

2004-03-03

3 atentados



Ao atentar-se contra três mesquitas de grande importância para os xiitas, matando dezenas de pessoas, durante a celebração do massacre por sunitas do Imã Hussein, fundador do ramo xiita dos Islão, pretende-se enraivecer a comunidade maioritaria do Iraque. O povo xiita, com uma cultura de glorificação do martírio individual e colectivo é especialmente sensível a esta provocação, claramente premeditada.

A posição da administração norte-americana é, de dia para dia, cada vez mais difícil. A fragilidade do processo de devolução do poder aos iraquianos é consequência directa da falta de planeamento do pós-guerra, o que deu o ensejo e a oportunidade aos terroristas e assassinos de provocarem o medo e a instabilidade no Médio Oriente.

A esperança está na sensatez e colaboração dos líderes xiitas, o que custará caro ao Sr. Bremer, cada vez mais perdido no novelo político criado pelos interesses contraditórios dos três povos do Iraque.

É cada vez mais necessário a divisão em três do Iraque e cada vez mais improvável esta possibilidade.

(ver Diário de Notícias)

2004-03-02

admirável mundo novo



...há quinze anos li-o e ficou-me na memória, não a trama, linear e pouco imaginativa (pouco se pode esperar do Sr. Huxley), nem as personagens... Lembro-me da institucionalização generalizada dos jovens até à idade adulta: criados, educados, orientados e dirigidos em hiper-internatos do Estado... no admirável mundo novo, ao invés do ambiente de controlo castrante do 1984 de Orwell, encontramos a alienação do indivíduo pelo prazer... a massificação dos desejos...
Uma família feliz
Referência ao grotesco (desenquadrado-da-realidade-como-que-a-piscar-o-olho-ao-ridículo-ou-ainda-um-hino-aos-tocadores-de-trombone-profissionais)

Célia tem mãe mas não tem pai. O pai de Célia não existe, mas mora a 12 quilómetros. A mãe de Célia não tem marido mas mora com um homem a quem Célia chama pai. O pai que existe não gosta de Célia. Célia não tem irmão, mas o pai de Célia tem um filho a quem Célia chama pelo primeiro nome. A mãe de Célia não tem filho mas tem filho. O pai que não existe não conhece o pai que existe, por respeito à lei da anti-matéria. A esposa do pai que não existe não é casada e não tem filhos. Não conhece Célia. Mas Célia conhece a esposa que não existe do pai que não existe. Célia chora apenas em frente do irmão que não é irmão. A mãe de Célia chora em segredo, canalizando telepaticamente as suas lamúrias ao marido que não o é e que não existe como pai da sua filha. O marido que tem é intermitente e olha Célia apenas do pescoço para baixo. A mãe de Célia sabe coisas mas não conta.


no Castor de Mármore

2004-03-01

do estado laico



A Turquia é único país maioritariamente muçulmano que se candidatou a uma adesão à União Europeia. Em nome da laicidade do Estado proibiu o uso do hijab pelas mulheres, tal como agora em França.

Enquanto na Turquia esta medida promove a tolerância e a libertação feminina, o Estado francês oprime uma minoria em nome dos receios da maioria.

Girl With a Pearl Earring




Guido Reni
Ritratto di Beatrice Cenci




Ao contrário de Beatrice, Griet não oferece aos olhos do mundo a beleza dos cabelos, sempre escondidos pela touca. Por uma só vez, graças a uma indiscrição de Johannes, descobrimos a sua cor. Depois vestiu-os de turbante azul.