2004-03-08

exames


Considero a avaliação um instrumento importante do processo de aprendizagem e fundamental para a sua melhoria constante. A avaliação individual do aluno servirá também para identificar as fragilidades e corrigi-las.

Preocupa-me a falta de definição das competências-chave de cada ciclo de aprendizagem. Sem ela será difícil identificar o que avaliar e segundo que processos. Estaremos a examinar por examinar, a distinguir por distinguir. Não sabemos se o que marcamos como bom é realmente o que pretendemos.

Acredito que há lugar a momentos formais de avaliação individual escrita, normalizada e igual para todos - os exames. A avaliação contínua, relacional e presencial tem claras vantagens na identificação das capacidades que escapam ao exame escrito. A sua natureza exige a subjectividade do avaliador logo peca pelas diferenças entre diferentes avaliadores, difíceis de controlar. Por razões de igualdade e objectividade o exame é justificável.

As escolas tem a liberdade de adaptar as matérias à comunidade envolvente, havendo a possibilidade de uma multiplicidade de precursos. Esta possibilidade contém o risco de se perder a coerência do sistema e a identificação das competências adquiridas. Acredito que os benefícios desta flexibilização são maiores que os custos, mas momentos chave de normalização e igualização das competências é fundamental. Não quero viver num país em que temas fundamentais para a compreensão do mundo com a geometria e o cálculo, o língua portuguesa, a teoria da evolução, a sexualidade , a ciência ou a literatura sejam competências optativas dependentes do contexto social, religioso e económico em que a escola está inserida. Para isso o exame nacional normalizado é um instrumento muito eficaz.

Acredito que a responsabilização dos cidadãos cria-se com a responsabilização das crianças de forma adequada à idade e ao grau de desenvolvimento. Para o que a avaliação contribui. Acredito que a avaliação deve ser clara e fácil de entender pelos seus destinatários - as crianças e os pais.

Por isso concordo com exames nacionais normalizados ao longo de todo o percurso educativo, e mesmo durante o ensino obrigatório. Deverão ser enquadrados num processo de avaliação completo, que inclua as outras vertentes presenciais, relacionais e subjectivas. Nunca aceitarei o exame como o única forma de avaliar pessoas, alunos ou não.

Devem ser avaliadas, muito cuidadosamente, as consequências do exame para cada aluno. O que acontece aos insucessos, aos alunos com resultados mais baixos, é a principal discussão. Implementar sistema que prejudicasse a inclusão de todos, principalmente dos mais desfavorecidos, seria uma viagem no tempo - 30 anos para o passado.

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